Como padre que teve o privilégio de ser testemunha em várias cerimônias homossexuais, onde em cada ocasião o casal dava um título próprio àquilo que estava fazendo, eu diria o seguinte: deixe o bolo crescer antes de colocar a cereja em cima dele. O bolo em questão é a nossa cultura e conhecimento compartilhados sobre os casais homossexuais em situação legal e que convivem publicamente.
Parece-me que a misericórdia do Senhor, que já alcança os leigos como alívio e como alegria, está começando a perfurar o “armário” clerical na forma de uma demanda firme, mas gentilmente sustentada, por uma veracidade penitencial em primeira pessoa, enquanto somos dolorosamente libertados da armadilha sistêmica.
Me convidaram para refletir sobre o que significa ser um padre abertamente gay. Para mim, é difícil explicar estas coisas. Eu estaria dando, no entanto, um testemunho falso se não dissesse que o histórico da minha vida inteira foi um histórico de mentiras – e o formato da minha vida adulta é uma busca mais ou menos desesperada de descortinar a verdade em meio a tantas mentiras.
O que permite que os cristãos usem “adoração”, que é uma palavra horrenda tirada do mundo da violência? O que queremos dizer quando a usamos? E o que efetivamente fazemos vale como “adoração”?